Nesse último final de semana assisti com minha esposa ao filme Avatar, do diretor James Cameron, mesmo de “Titanic”, “Exterminador 2” e “Aliens, o Resgate”. Eu andei meio desligado com esses novos lançamentos e confesso que só ouvira falar do Avatar recentemente. Confesso que ao assistir ao trailer no Youtube eu fiquei um pouco desconfiado, pois o filme envolve atores reais com atores CG (computer graphics), será que ia dar certo?
A ganância humana: quem poderá detê-la?
Ansiosos, pegamos uma sessão dublada devido ao horário inconveniente da versão legendada. O legal foi que pegamos a versão 3D, na qual usamos aqueles óculos especiais da IMax. Pagamos o preço salgado de 18 reais por cada meia-entrada (estudante), que aqui em Porto Alegre nunca é “meia” e sim um descontinho de 3 reais mais ou menos (máfia). Apesar disso, a experiência foi fantástica em todos os sentidos. Foi o primeiro filme que assisti em 3D e é incrível do que a tecnologia IMax é capaz de fazer... teve uma cena que o ator joga uma granada na tela e a maioria da platéia tentou desviar... cara, muito engraçado, teve gente que botou os braços pra proteger o rosto. Noutra cena, os mergulhos aéreos dos na'vi à bordo de seus banshees chega a ser vertiginosa. A imersão no filme é muito maior, você esquece o mundo real (isso é bom!). Chato é ter que devolver os óculos 3D no final da sessão... uma pena, pois daria pra “bossar” no melhor estilo “De Volta Para o Futuro” (the 80’s rules!).
Filmes em 3D: experiência fantástica! Mas eu me pergunto...
o que que essa tia tava fazendo sem os seus óculos 3D?
Sobre o filme, não vou contar tudo como fiz no post Robocop, pra não perder a graça. A história é tão simples quanto profunda: no ano de 2200 e alguma coisa os humanos descobrem no paradisíaco planeta Pandora um mineral com propriedades raríssimas, cujo quilo vale bilhões de dólares. No entanto, sob a jazida existe o lar de uma tribo de alienígenas chamados “na'vi”, que vivem em perfeita harmonia com o seu meio ambiente. Para atuar e tentar negociar seus interesses junto à comunidade na'vi, os humanos desenvolveram uma tecnologia revolucionária, que utiliza clones (conhecidos como “avatares”) feitos com mistura de DNA na'vi e humano, que são controlados remotamente por cientistas e um soldado paraplégico chamado Jake Sully (o mocinho). Os humanos estão determinados e um conflito de grande proporção se mostra inevitável. Nesse meio termo, Jake Sully controlando seu avatar se envolve com a cultura na'vi e a personalidade forte de Neytiri, filha dos chefes da tribo. Bom, o resto vocês imaginem.
Jake Sully e Neytiri: amantes alienígenas unidos por um propósito
Várias questões pertinentes são levantadas durante o filme. A primeira é sobre ecologia. No filme, vemos um ambiente intocado, riquíssimo em biodiversidade e beleza natural. As cores dos animais, plantas e até dos riachos é altamente psicodélica, belíssima, parece até o paraíso tal como deveria. Os humanos representam a ameaça, a destruição do imaculado com o propósito da apropriação de riquezas. Como sempre, existe uma minoria que pensa diferente, tentando aprender sobre o ecossistema e valorizá-lo pelo que é, pela sua sustentabilidade e como pode prover benefícios à todos. Como agrônomo, sei da minha responsabilidade em buscar indicadores que atestem a qualidade do solo e a sustentabilidade de sua exploração, por isso, acho perfeitamente viável a recuperação de áreas degradadas e a otimização das áreas já disponíveis para o cultivo ao invés da expansão da fronteira agrícola para a Amazônia, ambição da bancada ruralista do governo. Infelizmente, boa parte dos agrônomos é formada como “tratores e colheitadeiras” (máquinas irracionais) para essa nova “frente de trabalho”. Os alternativos, marxistas de discurso, em parte lesionados pelos efeitos da maconha não tem capacidade para peitar os agrônomos de terno e gravata (agribusiness motherfuckers!). E nós? Pesquisadores ávidos por publicações periódicas, sem comprometimento efetivo com o meio-ambiente. Qual será nossa parcela de culpa?
A questão étnica é bem trabalhada no filme. Os humanos simplesmente querem arrancar à força o que eles pensam possuir. Assim, ignoram e menosprezam a civilização na'vi, seus costumes, suas tradições, sua religião, seu conhecimento e valores individuais. Não é isso que os E.U.A. fazem com as outras nações? Não foi isso que os europeus fizeram à nossa terra e nossos índios? Há momentos em que o filme nos faz chorar, de pena ou do mais puro ódio. O pior é saber que isso é atual e ocorre nas nações invadidas pelos E.U.A., justificado pela propaganda mascarada da liberdade. Penso por alguns instantes... quem (além de mim) estará preparado quando eles invadirem a Amazônia? Já esqueceram que há poucos meses atrás eles montaram uma base militar na Amazônia peruana? Nada contra os americanos, mas sua forma de governar não serve para o mundo. Ainda sobre a questão étnica, somos todos índios e abominamos nossos índios. Por quê?
Avatar vai muito além de um “Dança com Lobos”, mostra que a fé e a determinação são valores que levam ao sucesso. O caminho pode ser tortuoso e cheio de adversidades, tristezas, mas todas superáveis se tivermos esses valores.
Os rebeldes: militantes da causa na'vi
Que bom matar a saudade da Sirgouney Weaver!
Que assistir ao trailer? Simbora no http://www.youtube.com/watch?v=XgENNNOOom4
Quer assistir ao filme? Aconselho a ir ao cinema, pois esse vale muito a pena, principalmente em 3D. É um bom filme para ter em DVD. Até o presente momento não há versões decentes para serem baixadas na internet.