quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A importância de se ter um hobby

Às vezes eu estranho as pessoas. Muitas passam suas vidas se torturando em busca de dinheiro, status e se esquecem de gozar a vida e as coisas boas do mundo. Como é interessante conversar com pessoas que são especialistas em áreas ou coisas que a gente desconhece, pois é sempre gratificante aprender e acumular experiências diferentes.

Quanto vive um ser humano? 80? 100 anos? Muitos dizem “é muito pouco, um sopro, quase não dá tempo pra fazer nada”, mas se isso tivesse fundamento, por que é que existem tantos passatempos? Na verdade acho o termo “hobby” mais legal, pois “passatempo” dá uma idéia de algo sem valor, que é feito apenas para “gastar” o tempo que a pessoa dispõe. Da mesma maneira o termo “mania” dá idéia de compulsão.
Existe uma infinidade de hobbies. Há hobbies passivos e ativos. Por exemplo, ser torcedor fanático do Flamengo (não gosto de futebol, a não ser na Copa do Mundo) é um hobby tremendamente passivo, pois você atua como espectador, não interfere diretamente no desempenho do time e sua satisfação está sempre à mercê da sorte, afinal de contas o time pode lhe trazer tanto alegria como tristeza. Da mesma forma, colecionar figurinhas é um hobby que depende muito da sorte, pois completar um álbum é uma tarefa gratificante, porém encontrar a última figurinha exige um esforço, ou sorte, danados. Lembro que o único álbum de figurinhas que completei foi o “Dinossauros” do chocolate Surpresa, o qual recebi em casa mediante uma carta que enviei à Nestlé. Eu comia chocolate Surpresa de manhã, de tarde e de noite e depois me acabava no banheiro, tudo para conseguir a última figurinha (do espinossauro) e completar o álbum. Por ironia, encontrei a figurinha sendo mastigada por um amigo de infância, dei-lhe uma tapa na boca, peguei a figurinha e o contemplei com um chocolate Supresa novinho, afinal aquela figurinha valia muito mais.


Álbum de figurinhas do chocolate Supresa: nunca comi tanto chocolate na vida

Os hobbies passivos também podem virar fetiches, como no caso das coleções de coisas. Essas, muitas vezes, demandam disposição e bastante dinheiro. Não estou falando de coleções de carros de verdade, mas de coisas pequenas, mais baratas, como brinquedos, revistas, CDs, DVDs, etc. O mais comum são as coleções de revistas, CDs e DVDs. Nos anos 80 era de praxe ter em casa ao menos uma coleção de vinis, não importa se fosse da Xuxa ou do Balão Mágico, o importante era ter inclusive aquele disco ruim pra caramba. Na adolescência iniciei a coleção do Pink Floyd, que foi interrompida bruscamente quando escutei o Nirvana e em seguida Led Zeppelin, banda que uniu o som virtuoso com peso, elementos musicais que considero importantes. Isso é assunto pra outro post... Pois bem, um amigo meu também iniciou a coleção de CDs do Pink Floyd pouco tempo depois e completou com mais ou menos uns 30 discos, incluindo coletâneas, ao-vivos e tudo mais. Admiro o esforço dele, já que alguns discos são bem raros e esgotados. Infelizmente quando questionado sobre algumas músicas de discos obscuros como o Ummagumma, ele pouco ou nada sabia. Então, seria ou não um caso clássico de fetiche? Se sim ou não, não tenho nada a ver com isso. Completei minha coleção de CDs do Led Zeppelin no ano passado também por fetiche, afinal há anos eu tinha a versão pirata do The Song Remains The Same e já havia escutado e assistido esse show em VHS e DVD mais de 100 vezes (todos os dias antes de ir pra aula em 1998, quando fazia o terceiro científico). Ainda me faltam os vinis do The Song Remains The Same e do Physical Graffitti, os quais talvez eu nunca escutarei (som de vinil melhor que CD é lenda, charlatanice).

Box com a coleção do Led Zeppelin: comprei os meus
um-a-um, foi bem mais divertido!

O hobby ativo é aquele no qual o indivíduo participa diretamente, no qual sua ações influenciam no resultado final do processo (eu e minhas definições...). Esses hobbies geralmente demandam tempo e dinheiro, mas dedicação e empenho são parte da diversão. Um exemplo desses é o aeromodelismo, tenho um professor que é aficionado por construir e testar aeromodelos, e segundo ele “você tem a sensação de estar lá pilotando aquela máquina maravilhosa”. Lembro que quando eu passeava com meus pais perto da Usina do Gasômetro em Porto Alegre, à beira do Rio Guaíba em Porto Alegre havia áreas livres para a prática desse hobby, porém eu mal sabia que alguns aviõezinhos daqueles chegavam a custar o preço de um carro usado. É um hobby muito restrito.
O foguetismo é outro hobby que acho muito legal, pois geralmente envolve uma equipe de nerds, dedicados a estudar os fundamentos da física e tecnologia dos propulsores e munidos desse conhecimento constroem foguetes com o simples objetivo de voar o mais alto e estável possível. Muitas vezes esses foguetes amadores possuem câmeras que filmam toda a “viagem” e pára-quedas para recuperação do foguete. Vários times de fogueteiros surgem em colégios, incentivados por professores de física que fazem da disciplina um sonho (não tive essa oportunidade). Em 1995 eu até tentei ser fogueteiro, porém meu pai confiscou o tubo de pólvora que eu havia comprado para usar no meu primeiro foguete. Na teimosia (e inocência), construí um foguete movido a querosene, impulsionada por uma mola dentro do corpo (tubo de Cebion). Houston, eu estava realmente pronto! Risquei o fósforo, acendi a querosene que vasava do foguete, corri e de longe observei o foguete incendiando e derretendo lentamente (poxa, nem explosão teve). Acabei com a festa com um balde de água e nunca mais construí outro foguete (ô tristeza).


Foguetismo: hobby superlegal, desde que tomados
os devidos cuidados
Existem também hobbies extremamente especializados, como é o caso da música e do radioamadorismo. Em 1997, montei com minha irmã e alguns amigos uma banda de rock chamada Venera (homenagem à nave soviética que visitou Vênus em 1973). Cheguei a tocar guitarra razoavelmente (solava Stairway to Heaven, me sentindo o Jimmy Page da Paraíba) e também tínhamos músicas próprias. Infelizmente, a pós-graduação enterrou meus delírios de “estrela do rock". Bom, mas o legal de um hobby como a música é que você precisa se dedicar a seu instrumento, ter intimidade com ele e conhecer detalhes de sua manutenção e funcionamento para ter uma performance ideal. O retorno máximo de tocar numa banda é sem dúvida o aplauso, o reconhecimento. Sobre o radioamadorismo, eu não tenho o mínimo conhecimento, apenas tenho um amigo que me conta comigo suas experiências com esse hobby que é uma nerdice pura. Pra começar, o sujeito deve entender sobre ondas e como captá-las, deve saber montar ou adaptar os próprios aparelhos, instalar antenas (muitas delas enormes), ter permissão oficial para usar determinados canais de rádio e depois fazer seus contatos por rádio, montar uma equipe e fazer experiências, como por exemplo, contatos distantes (existem competições entre equipes), enviar fotos ou arquivos através de sistemas de rádio (sensacional), etc. Ultimamente esse meu amigo tem desenvolvido um “satélite” aéreo que subirá a bordo de um balão de hélio fotografando e enviando imagens por rádio. Ironicamente, em 1996, com 16 anos eu passava boa parte de meu tempo bolando e desenhando projetos semelhantes, porém sem base científica, nem recursos financeiros para torná-los realidade.


Meados de 1997: primeiro show da banda
Venera (sim, o cabeludo sou eu mesmo)
Com o advento da internet ficou muito mais fácil ter acesso a hobbies, principalmente devido aos fóruns específicos espalhados em diversos sites, com destque para os do Orkut. Assim, pode-se trocar experiências sobre os mais diversos temas, resolver problemas e ajudar a quem precisa. Pra quem tem vontade de praticar um hobby mas não quer gastar muito com isso existem várias alternativas. Um hobby barato e divertido é a leitura de livros. Existem sebos difundidos em tudo quanto é lugar, e bons livros custando menos de 20 reais. O livro, através da introspecção, permite uma experiência única, pois mexe com o poder imaginativo individual e isso é fantástico. Outro hobby bacana e também barato é a fotografia, que apesar do custo inicial com a aquisição de câmeras digitais ou analógicas, permite momentos de satisfação e ainda o hobbista pode expor seus trabalhos em diversos sites, como por exemplo o Flickr. Enfim, não existe hobby que não acrescente algo à pessoa que o pratica. A informação e a experiência, por mais simples ou frívolas que pareçam não deixam de ser uma manifestação da cultura, e essa é uma característica inerente ao ser humano.

Eae? Quais são seus hobbies? O que você gosta de fazer?

5 comentários:

  1. Por ironia um dos meus hobbies é ler blogs, estou a pratica-lo agora mesmo.

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  2. Lula, cê tá escrevendo cada vez melhor!

    E o livro que comprou no sabo de São Carlos, já leu?

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  3. Hum... veja bem... vale o primeiro capítulo?

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  4. Vc escreve muito bem...
    Conseguio mais um seguidor...
    Depois visita meu blog vai rir muito com as fotos : www.bloggedocara.blogspot.com

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