segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Robocop




Hoje vou falar de meu filme favorito e também meu herói predileto: ROBOCOP.
Em meados de 1989, lá estava eu, um guri fanático por Changeman e Jaspion, dois seriados japoneses exibidos na extinta TV Manchete. Como se não bastasse assistir na TV diariamente eu ainda implorava para meu pai alugar VHS dos Changeman, sempre que íamos à locadora e numa certa vez ele me convenceu (obrigou) a alugar o Robocop, alegando que era muito melhor que Changeman. Foi assim que começou uma verdadeira mania, pois eu alugava o filme diariamente chegando ao ponto do dono da locadora propor a meu pai fazer uma cópia pirata, pois disse que meu pai iria gastar menos e outras pessoas poderiam locar o filme. Dentro desses 20 anos (1989-2009) já assisti ao filme mais de 90 vezes. Eu não estou brincando.

Robocop foi lançado em 1987, dirigido por Paul Verhoeven (o mesmo diretor de “O Vingador do Futuro”, “Instinto Selvagem” e “Tropas Estelares”) e estrelado por Peter Weller, Nancy Allen, Ronny Cox, entre outros atores. O filme tem elementos cyberpunk e noir, ou seja, mostra um futuro próximo com tecnologia avançada, porém com uma sociedade corrupta e degenerada. É nesse meio em que o policial Alex Murphy é transferido para o Departamento de Polícia de Detroit, prestes a entrar em greve devido a salários baixos e assassinatos em série de policiais. Paralelamente, a OCP, uma poderosa e inescrupulosa corporação planeja construir sobre Detroit uma nova cidade chamada Delta City, mas precisa resolver o problema da violência urbana e as reivindicações policiais. Dentro da corporação destacam-se o presidente conhecido como “Velho”, o vice Dick Jones e o executivo jovem e oportunista Bob Morton. Dick Jones planeja impressionar o Velho e demais executivos com seu robô ED-209, desenvolvido para substituir os policiais de carne-e-osso (dura crítica à automação e ao desemprego), porém algo sai errado e o robô entra em pane, matando um executivo (essa cena é brutal, o cara praticamente vira um queijo suíço de tanto tiro). Se aproveitando do erro de Dick Jones, Bob Morton sugere um plano de apoio chamado “Robocop” e recebe carta branca do Velho.

Murphy e Lewis: parceiros no combate ao crime.



O Velho, Dick Jones e Bob Morton: escândalos e corrupção
na corporação que criou o Robocop

Murphy e Lewis (sua parceira) perseguem a gangue do famigerado Clarence Boddicker, um psicopata, estrupador, traficante, assassino de policiais, líder do crime em Detroit e cúmplice do Dick Jones vice-presidente da OCP (ou seja, o cara é um anjinho a serviço do mau). A perseguição termina no esconderijo dos bandidos, uma fábrica abandonada (clichê dos filmes do Robocop). No senso do dever Murphy e Lewis decidem fazer a abordagem e se dão mal. Lewis sofre uma queda e fica inconsciente, enquanto Murphy é cercado pelos bandidos. Essa parte é a mais sádica do filme, o Clarence Boddicker brinca enquanto violenta Murphy. Com um tiro ele estoura a mão do Murphy e pede pra os comparsas “darem uma mão ao rapaz” (nossa... essa cena é muito forte) e em seguida os bandidos fuzilam Murphy com armas pesadas, arrancando fora seu braço e deixando seu corpo completamente ensangüentado, enquanto brincam “está doendo?”. Agonizando, Murphy leva o tiro final na cabeça e em seguida os bandidos fogem. A cena seguinte é tensa, mostrando a luta dos para-médicos para tentar salvar a vida de Murphy, que inconsciente, relembra cenas de sua vida até seus últimos momentos.



A morte brutal de Murphy: cena mais violenta do cinema

Murphy morre e renasce como um ciborgue (meio homem-meio máquina) em desenvolvimento. Durante essas cenas, a perspectiva é a do personagem assistindo as coisas acontecerem, porém tudo envolto num grande mistério. Ainda nesse clima, o Robocop é levado ao Departamento de Polícia de Detroit, onde fica montada a base de operações da OCP. Ele é apresentado aos executivos da OCP e submetido a testes prévios, um deles sendo enunciar suas diretivas principais: 1 – servir ao público; 2 – proteger o inocente; 3 – impor a Lei; e 4 – diretiva secreta.


Murphy renasce como Robocop pelas mãos
de Bob Morton e sua equipe


Teste de tiro ao alvo: nota 10!

Robocop é posto à prova e faz diversas abordagens a criminosos. Primeiro, acaba com a raça de um ladrão que ameaçava um casal de velhinhos num supermercado. Segundo, prende dois estrupadores em flagrante (ele mira entre as pernas da mulher refém e acerta o saco do cara... uma cena hilária e gratificante para as pessoas de bem). Terceiro ele salva o prefeito de Detroit, refém de um ex-funcionário surtado e perigoso. Com isso, Robocop ganha notoriedade e aprovação pública, enquanto Bob Morton (executivo responsável por ele) torna-se vice-presidente da OCP, enfurecendo Dick Jones.
Numa certa noite, enquanto Robocop estava em repouso e manutenção no Centro de Operações do Departamento de Polícia, tem um pesadelo com os bandidos que o mataram e em seguida foge enfurecido e topa com Lewis (sua antiga parceira) no corredor. Ela já desconfiada há bastante tempo, faz-lhe a pergunta “Murphy, é você?”. Ele retruca, finge que ignora e parte para o combate ao crime. Por coincidência Robocop topa com Emil (da gangue de Clarence) que estava assaltando um posto de gasolina. Ao receber a voz de prisão (“Morto ou vivo você vem comigo”) Emil o reconhece como o policial que eles haviam matado (“Você morreu, nós matamos você!”). Na troca de tiros o posto de gasolina explode, Robocop sai das chamas, acerta a moto de Emil e o interroga “quem é você?”.



"Morto ou vivo você vem comigo"


Emil apavorado: "Você está morto, nós te matamos."

Em seguida, Robocop entra no Setor de Inteligência da Polícia e com sua agulha retrátil (uma espécie de interface) acessa dados os computadores da polícia obtendo informações sobre Emil e a gangue de Clarence. Na ficha de Clarence ele reconhece o nome Alex Murphy e vê sua própria foto com uma tarja “falecido”. Levantando dados de Murphy ele chega a casa onde viveu, já desocupada e à venda. Essa cena é muito dramática, mostrando lapsos de memória de seu filho e sua esposa. É aí que ele percebe realmente quem foi, e a partir daí é tomado por um único sentimento: vingança!

Cara a cara com o próprio assassino

Ele prende Leon, outro membro da gangue de Clarence e fica a um passo de pegar o chefão. No mesmo momento Clarence Boddicker invade a casa de Bob Morton (vice-presidente da corporação e criador do Robocop), atira nas pernas dele, entrega um vídeo a mando de Dick Jones, onde o próprio justifica sua vingança. Com a bomba deixada por Clarence a casa vai pelos ares e a cena seguinte mostra Robocop invadindo uma grande refinaria de cocaína, topando de frente com dezenas de bandidos fortemente armados. Ele mata um a um, até chegar ao Clarence Boddicker, que é jogado sadicamente contra vidraças, implorando pela vida e ao mesmo tempo denunciando Dick Jones, seu superior e “chefão” do crime em Detroit.


Dick Jones e seu guarda-costas: osso duro de roer

Apesar da vingança, Robocop poupa a vida de Clarence e parte em busca de Dick Jones, que já o esperava no arranha-céu da corporação. Robocop tenta prendê-lo, mas logo a diretiva 4 entra em cena – como produto da empresa, ele não pode se voltar contra membros da empresa, sob a pena de auto-destruição. Ele entra em pane, mas consegue gravar as palavras de Dick Jones (“Tive que matar Bob Morton por que ele cometeu um engano, agora chegou a hora de acabar com esse engano”). Confiante, Dick Jones chama seu ED-209 que parte pra cima arregaçando o Robocop, que foge pelas escadas. O ED-209 tenta alcançá-lo, mas toma um tombo cômico na escada, incapaz de se levantar. Na saída do prédio uma SWAT (uma espécie de tropa de elite) à comando de Dick Jones tenta por um fim no Robocop, que é socorrido por Lewis, sua antiga parceira e levado para um esconderijo (bingo!... uma fábrica abandonada). É nesse momento que Robocop retira seu capacete, expondo novamente a face de Murphy unida com suas partes robóticas. Lewis fica feliz em ver o parceiro novamente e comenta que após o funeral sua família se mudou e tenta reconstituir uma vida nova. Robocop pede privacidade e medita sobre sua vida anterior.
Clarence, solto pelos advogados de Dick Jones, o faz uma visita e recebe ordens e armas pesadas para acabar com o Robocop, antes que ele denuncie Dick Jones pela morte de Bob Morton e envolvimento com criminosos. De posse de um localizador, Clarence e sua gangue chegam à fábrica abandonada e são surpreendidos pelo Robocop e Lewis.

Emil joga o furgão dos bandidos sobre o Robocop, erra e acerta em cheio um tanque de ácido tóxico. Uma onda de ácido sai pela porta traseira do furgão e Emil se levanta berrando e se derretendo (nossa... essa cena é clássica e muito “gore”). Nos carros, Lewis persegue Clarence, que atropela o “cadáver vivo” Emil e acaba caindo num aterro. Ele sai de surpresa do carro e atira contra Lewis, que é salva na última hora pelo Robocop que vem ao encontro de Clarence. Leon, membro restante da gangue, maneja escondido um guindaste e joga uma pilha de vigas metálicas imobilizando o Robocop, mas logo é morto por Lewis, que se arrastando consegue atirar no guindaste com uma arma pesada, caída do carro de Clarence.



Emil se derretendo após o banho de ácido: cena clássica

Oportunista, Clarence bate no Robocop com uma viga de metal e a enfia no peito dele que grita furioso, bota pra fora a agulha retrátil e enfia com violência no pescoço de Clarence que cai agonizando.


Vingança final


Já no final (ufa) Robocop vai ao encontro do Dick Jones, no momento em reunião na corporação. Com um tiro do canhão de Clarence ele abate um ED-209 e sobe até a sala da corporação, acusando Dick Jones. Por sua vez Dick Jones tenta difamá-lo, mas Robocop explica que não pode agir contra um membro da empresa e exibe no vídeo da sala a gravação do próprio Dick Jones justificando por que matou Bob Morton. No desespero Dick Jones toma o Velho como refém e exige um helicóptero. Nesse momento o Velho o demite e a diretiva 4 automaticamente desaparece. Robocop dispara tiros certeiros e Dick Jones despenca de cima do arranha-céu.


Dick Jones despenca prédio abaixo: fim digno de um "poderoso-chefão"


O Velho agradece e pergunta o nome do Robocop, que diz orgulhoso: “Murphy”.
 
Missão cumprida!


O Legado Pessoal: Porto Alegre, as drogas e o meu pai

Robocop é um filme que me marcou muito. Primeiro, o assisti bem na época que minha família se mudou da Paraíba para Porto Alegre, quando eu ainda me acostumava com a idéia de cidade grande e todas as suas implicações, positivas e negativas. Eu percebia que Porto Alegre tinha desenvolvimento e tecnologias mais acessíveis, porém também possuia marginalidade, violência e drogas. Foi com esse filme que aprendi o quanto as drogas geram violência e degeneram a sociedade. Desde meus 9 anos sou radical nesse quesito (legalização é o caralho!) e fico profundamente triste ao reconhecer o quanto as drogas estão presentes nos nossos meios.

Naquela época eu ainda acreditava que o Robocop viria botar ordem no Brasil, transformá-lo num lugar melhor, seguro e livre da violência. Hoje, sei que cada um tem sua parcela de responsabilidade com o mundo em que vivemos. Alex Murphy era um homem íntegro, religioso, carinhoso com a família e dedicado ao seu trabalho, enquanto Robocop era um ser dotado de coragem e determinação. Todas essas qualidades me lembram meu pai, o super-herói mais real que tive o privilégio de conhecer. Talvez seja por esse motivo que o Robocop ainda é tão significativo para mim.


Sobre tudo isso, me pergunto... não deveríamos nós sermos os exemplos para os que virão? Por que será que ser super-herói real anda tão fora de moda?


Quer assistir ao filme? Então baixe os dois primeiros links (parte 1 e parte 2) e extraia o filme num só arquivo.
O filme está no formato dual audio, em português (dublado) ou inglês. Se preferir o modo inglês a legenda está nesse próximo link:

Quer saber mais sobre Robocop? Então acesse o melhor site do mundo sobre o herói: http://robocoparchive.com/ Muita informação e curiosidades. Sensacional!


Quer ir à uma "festa à fantasia" em grande estilo? Tinha uma armadura completa do Robocop, usada e autografada pelo ator Peter Weller (o Murphy) à venda no Ebay por 2.250 dólares, mas infelizmente já foi vendida. Tem uma bem tôsca à venda nesse site: http://www.joke.co.uk/fancy_dress/adult_robocop_80s_costume~62481.html?source=AFFWIN&awc=854_1260316640_a98de2aac63ae91ebaccd2775208857b . Agora, se você deseja exercitar sua criatividade, faça você mesmo o seu sucesso:


Fantasia caseira do Robocop: o que vale é a intenção... certo?

5 comentários:

  1. Buga vc era tão viciado que tinha um poster lembra... o que foi que aconteceu com ele? Painho é o nosso herói mesmo!!! Adorei esse final filosófico e de reflexão. Qdo era adolescente achava maior bobera e caretice ser contra as drogas,achava q cada um tinha sua vida e tal, rebeldia sabe como é né? Hj realmente a maturidade mostra o qto a presença das drogas arrasa nossa sociedade.. Sou contra as drogas tbm! Bju adorei o post até pq como eu era sua babona eu assistia o filme de tabela... devo ter assistido pelo menos metade do que vc assistiu... hehehe... adoro o Emil derretendo kkkkkkkk

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  2. Marica, valeu pelo coment. O poster se estragou com sol e chuva, por que o deixamos fechando a parte baixa do quintal pra Toquinho não escapar.. mas quero comprar outro quando der. Bjo

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  3. Sou fã tanto de Jaspion e Changeman quanto de Robocop. São produções diferentes, um é série de TV o outro é filme... não sei qual desses gosto mais.

    Gosto de heróis honrados e que lutam pela justiça mesmo, por isso sempre admirei Robocop desde a primeira vez que passou na Globo (que foi a primeira vez que assisti também).

    Tem um jogo para PC feito por fãs que tem os sons do filme que adoro jogar!

    Tinha gente que gosta de zuar, que acha Robocop fraquinho. Estou pouco me lixando para essas pessoas e para aquela música tosca dos Mamonas.

    Robocop é o cara!

    "- Belo tiro filho, como se chama?
    - Murphy. ( e entra a música tema do filme com os créditos)"

    Inesquecível!

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  4. É um filme fantástico. Revi recentemente, e notei o quanto não conseguia compreender do filme quando era menor. Ele tem um conteúdo político muito forte mesclado ao drama pessoal do policial. Além disso estéticamente é muito bom, a fotografia do filme é incrível. A própria violência extrema do filme parece um recurso neste sentido. O diretor parece querer mostrar o contraste entre o impacto que as cenas causam nos telespectadores e a total indiferença dos personagens da história: a sociedade se tornou tão desumanisada e individualista que as mais absurdas atitudes são vistas com naturalidade, inclusive a violência física. O triste é que este futuro distópico pintado nos anos 80 desde então se aproximou muito da realidade.

    Por favor, me adcione no msn: arseniev.uzala@hotmail.com . Me chamo Pedro, gostaria de trocar algumas idéias.

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  5. arseniev.uzala@hotmail.com -> o msn, não sei se escrevi certo no post anterior

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